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    Câncer de colo uterino e vacinação contra o HPV

    Por quê se vacinar contra o HPV?

    Fonte: Dra. Mariana ScarantiMédica OncologistaPublicado em 24/08/2022, às 18:45 - Atualizado em 25/05/2023, às 14:56
    Vacina HPVFoto: Shutterstock

    A vasta maioria dos tumores de colo uterino é causada por infecção pelo papilomavírus humano, o HPV.  A infecção persistente pelo vírus faz com que haja formação de lesões pré-neoplásicas ou pré-malignas, mais conhecidas com displasias ou NICs (neoplasias intraepiteliais cervicais). Essas lesões ainda não são câncer, mas se deixadas no colo do útero sem tratamento ou acompanhamento adequado, podem progredir para neoplasia maligna invasora ou câncer.

    O rastreamento de lesões precursoras com a colpocitologia oncótica, ou seja, o papanicolau, certamente auxilia na redução de progressão para doença invasiva quando instituímos o tratamento precoce. 

    A vacina na prevenção do câncer de colo de útero

    O câncer de colo uterino ainda é o tumor ginecológico mais frequente no Brasil, e essa realidade pode ser mudada, uma vez que esse câncer é passível de prevenção com a vacina contra HPV; e é passível de rastreamento com o exame de papanicolau e testagem para presença do HPV.

    Não é à toa que pesquisas já mostram resultados positivos com a imunização. Recentemente, um estudo britânico publicado na revista Lancet Oncology mostrou que a incidência de câncer de colo uterino foi 87% menor em mulheres que receberam a vacina contra HPV comparada com gerações anteriores não vacinadas. 

    Baseados nesta análise, os autores concluem que a vacinação no Reino Unido contra HPV quase que eliminou o câncer de colo uterino em mulheres nascidas após setembro de 1995. Vale ressaltar que a vacinação contra o HPV foi instituída no Reino Unido em 2008. (1) 

    Outro estudo, publicado no JAMA Pediatrics, mostrou uma queda de 38% na incidência de câncer de colo de útero e de 43% em mortalidade por câncer de colo uterino após introdução de vacinação contra HPV nos Estados Unidos. 

    Neste estudo, mulheres jovens apresentaram uma redução muito importante da mortalidade com uma taxa de 0.6 mortes por câncer de colo uterino por 100.000 mulheres. (2)

    É fundamental, portanto, vacinar nossas crianças e adolescentes para que quando essas pessoas iniciem a vida sexual, já tenham uma imunidade construída contra o vírus HPV. Vacinar tardiamente, ou seja, na vida adulta, pode reduzir sua eficácia na prevenção. 

    Além de ser segura, a vacina traz benefícios substanciais para redução de incidência de câncer de colo uterino. Contudo, vale reforçar que para esse benefício ser máximo, devemos vacinar ainda na fase de infância e adolescência.

    + LEIA TAMBÉM: Vacina HPV: tudo que você precisa saber

    Quem pode e deve se vacinar?

    A vacinação contra HPV está prevista no calendário do Ministério da Saúde para meninas com idade entre 9 e 14 anos e meninos entre 11 e 14 anos. Esse público pode receber a vacina quadrivalente (contra subtipos de HPV 6,11,16,18) de forma gratuita em qualquer unidade de saúde, com duas doses ao ano, sendo a segunda seis meses após a primeira. 

    Os imunossuprimidos, como as pessoas em tratamento oncológico, transplantados de medula óssea e indivíduos com HIV, também encontram a vacina de forma gratuita no SUS (Sistema Único de Saúde), já que por estar a com imunidade reduzida, estão mais suscetíveis a infecções pelo HPV. (3)

    Nos Estados Unidos e Europa, a vacina nonavalente está disponível com uma cobertura contra os subtipos 6, 11,16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58. No Brasil, ainda não temos acesso à nonavalente.

    E para conscientizar a população sobre tumores ginecológicos, será realizada a campanha Setembro em Flor, promovida pelo EVA, o Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos. Por isso, fica o convite para que você acompanhe as ações por meio do portal do EVA e nas redes sociais da Dasa. E, acima de tudo, mantenha seus exames preventivos em dia e vacine-se contra o HPV. Vamos mudar a realidade do câncer de colo uterino no nosso país.

    Referências: 

    1-     Falcaro M, Castañon A, Ndlela B, Checchi M, Soldan K, Lopez-Bernal J, Elliss-Brookes L, Sasieni P. The effects of the national HPV vaccination programme in England, UK, on cervical cancer and grade 3 cervical intraepithelial neoplasia incidence: a register-based observational study. Lancet. 2021 Dec 4;398(10316):2084-2092. doi: 10.1016/S0140-6736(21)02178-4. Epub 2021 Nov 3. PMID: 34741816. 

    2-     Tabibi T, Barnes JM, Shah A, Osazuwa-Peters N, Johnson KJ, Brown DS. Human Papillomavirus Vaccination and Trends in Cervical Cancer Incidence and Mortality in the US. JAMA Pediatr. 2021 Nov 29:e214807. doi: 10.1001/jamapediatrics.2021.4807. Epub ahead of print. PMID: 34842903; PMCID: PMC8630656. 

    3-https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/calendario-nacional-de-vacinacao . Acessado em 05 de janeiro de 2022.

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